Reencarnação
Vó Adélia calmamente, aguardava a chegada de seu netinho, no vai e vem de sua cadeira de balanço e antes que o relógio grande da sala entoasse sua canção anunciando as 5 horas da tarde, o pequeno Jonas adentrou a casa trazendo na volta da escola uma mochila repleta de intrigantes "novidades".
- Vó, hoje no recreio, eu vi um gato cair de cima do telhado, levantar e sair andando sem um arranhão; a Julinha disse que é porque os gatos tem sete vidas e eles morrem e vivem, morrem e vivem... é verdade vó? Eu também quero isso para mim; viver após a morte.
Dona Irene, meio tonta, diante de tanta energia e repetição, esclareceu:
- Filho querido nós temos essa oportunidade de após a morte permanecer vivos, afinal o Espírito é eterno, e após uma estadia no plano espiritual retornamos à vida, com a feliz possibilidade do aprendizado contínuo, e não só sete vezes e sim sete vezes setenta ou seja quantas vezes forem necessárias.
Após terminar a frase, fixou o olhar em Jonas, que permaneceu calado; dizendo com os olhos que não entendera nada.
Dona Irene, diante do fato, propôs uma de suas estórias:
"Numa aldeia simples, uma criança ao percorrer uma área próximo à mata, encontrou um lindo e desprotegido filhote de gato, e com muito amor no coração, levou a frágil criatura para dentro de sua casa e a alimentou, e a afagou dia a dia.
Com o passar dos dias; o pequeno gato crescia cada vez mais e seu pai o orientou que não se tratava de um gatinho e sim de um filhote de leão; seria portanto, perigoso manter o animal junto à família.
A criança de nome Carlos, havia se apegado demais ao pequeno leãozinho e esse parecia ser tão dócil e domesticado que acabou por convencer seu pai a mantê-lo por perto.
Os meses se passaram e o filhotinho cresceu e se tornou um leão adulto e eis que em certo dia, não contendo seus instintos; num momento de ira descontrolada, o leão veio a ferir de morte o jovem Carlos.
Momentos depois, tomou razão do que havia ocorrido e desesperado, o leão, refugiou-se na mata densa; não perdoando a si próprio, por ter atacado aquele que o criou.
E viveu triste, infeliz, até que um dia veio a desencarnar na mais absoluta solidão.
Ao acordar no mundo dos espíritos, teve a oportunidade de rever o tão querido Carlos que, como antes, o acariciou e acalentou; mesmo assim, o leão não se perdoava a si mesmo.
Tempos e tempos se passaram e focalizamos uma outra cena:
O jovem Idiamim, separou-se de seus familiares da tribo africana e se deparou de repente com um grande e faminto tigre.
Quase anestesiado, o jovem tremia, e se sentia incapaz de qualquer reação; quando surgiu a sua frente outro grande leão que enfrentou o tigre, afugentando-o.
Idiamim pensava, hoje não é meu dia, me livro de um tigre, mas me encontro com um leão, hoje é a minha perdição e então fechou os olhos em prece, aguardando o esperado, e para sua própria surpresa, alguns minutos depois, abriu os olhos e o leão estava deitado ao seu lado, como que o protegendo.
Nesse mesmo instante, chegam seu pai e vários caçadores da tribo que ao verem a cena do leão junto ao menino, não tiveram qualquer dúvida e atiraram no leão que veio a desencarnar.
Idiamim nem teve tempo de explicar o que realmente tinha acontecido.
O leão, então retorna novamente ao plano dos espíritos, com a consciência em paz, na certeza de ter feito o melhor e perdoou a si próprio.
E pode-se ainda ver, correndo pelos lindos campos espirituais, Carlos e seu amigo leão, que vivem em plena comunhão.
Dona Adélia olha novamente os olhos de Jonas que agora revelam ter entendido a lição e ainda completa:
- O gato que você viu hoje, pulou do telhado, ele é um bicho esperto e elástico, por isso as vezes se tem a impressão que ele morre, o que não é verdade. Nenhum ser tem privilégios na criação.
- Vó, agora me explica outras coisinhas: Porque o gato e o cão vivem feito cão e gato?
Rindo, vó Adélia complementa:
- Essa Jonas, é uma outra estória que fica para depois do jantar.
Fonte: Revista Cristã do Espiritismo