Mentira tem vida Curta

 -Não vou mentir outra vez! 

Ao ouvir aquela frase dita por sua filha de sete anos, Antônia sorriu e passou alguns minutos lembrando que ela mesma aprendeu a dizer a verdade de uma maneira bastante dolorosa...

Quando Antônia tinha a idade da filha, ela se enganava achando que mentir era normal, que as pessoas não descobririam e que nunca teria conseqüências sérias. Ela, porém, entendeu que os outros deixam de confiar na gente quando mentimos porque teve que reconquistar a confiança da mãe depois que mentiu que iria para a casa de uma amiga e desviou no caminho para ir andar de bicicleta em um terreno baldio, local que sabia que sua mãe não permitiria que ela fosse.

A mãe de Antônia precisou falar com a filha e por isso ligou para a casa da amiga onde ela disse que estaria. Como Dona Ana não encontrou a filha, ligou para todas as amigas de Antônia que conhecia e ninguém sabia onde estava a menina. Dona Ana, aflita, chamou toda a vizinhança, e até a polícia, para ajudar a procurar a filha. Antônia foi encontrada pelos policiais no terreno onde brincava. Nenhuma explicação justificou a mentira aplicada e, durante o castigo, ela começou a compreender que mentir é ser desonesto consigo mesmo e com os outros.

Mas foi preciso uma segunda, e definitiva lição, para que Antônia entendesse que sempre somos responsáveis por nossas atitudes e que as mentiras costumam trazer conseqüências sérias. A menina disse à mãe que passaria a tarde na escola, estudando para a prova do dia seguinte. Mas Antônia foi andar de skate, na pista perto de sua casa, e não foi à escola. E foi assim, andando de skate, que ela caiu e quebrou o braço. A mãe descobriu a mentira quando foi buscar a filha no hospital. Além de ter o braço engessado, Antônia ficou dois meses sem usar o computador e sem andar de skate. E, para completar, teve que pagar, com a própria mesada, o gesso e o médico. Em muitas prestações, é claro.

- A pior verdade é mais fácil de perdoar do que uma mentira!

Com carinho, Antônia repete para a filha a frase que ouviu muitas vezes de sua mãe. Ela sabe que Taís, mais cedo ou mais tarde, vai entender que mentir é ser desonesto, é roubar a verdade de alguém. E ela torce para que a filha aprenda logo que mentira tem sempre vida curta, de preferência, sem ter que dar explicações à polícia e sem quebrar nenhuma parte do corpo.

 

Claudia Schmidt