MENINO CHICO XAVIER

 

(...)

          O menino Chico [Xavier] não apenas falava com os amigos invisíveis, mas depois de algum tempo começou a ser instrumento e escrever muitas coisas ditadas por eles.

          Novamente todos se assustaram com os escritos do menino. Chico tinha amigos demais.

          Escrevia livros de poesias, romances, cartas de luz, mensagens de amor, histórias infantis...

          Eram tantos amigos invisíveis escrevendo que todo mundo se admirava. Quem houvera de dizer que das mãos daquele menino, poetas e escritores cantariam a imortalidade da vida!

          Mais amigos invisíveis procuravam pelo menino, queriam dar notícias para as pessoas.

          Eram filhos procurando pais, pais procurando filhos, mães de coração doído pela saudade. E a fila só fazia crescer, todos queriam receber notícias pelas mãos abençoadas do menino.

          Chico era assim, escrevia e falava de amor, de caridade, de imortalidade.

          Mães diziam...

          — Chico! Meu coração está sofrendo pela dor da separação, meu filho “morreu”! Como sofre a mãe com a “morte” de um filho! Quero notícias para me confortar! Você pode me ajudar?

          Muitas mães foram consoladas pela dedicação e caridade do menino que a todos atendia com carinho e amor.

          Tornava visível pelas cartas de luz que escrevia o amor de filhos, filhas, pais e mães, amigos e amigas, invisíveis aos olhos, mas visíveis pelas cartas de vida.

          O menino Chico era um carteiro de Deus entregando cartas de luz para quem sofria a separação física.

          Corações saudosos se encontravam pelas mãos amorosas do menino.

          As cartas de luz chegavam às dezenas, e muitas mães choraram de alegria, pois as cartas, o amor em forma de letras, abrandava a saudade e os filhos diziam: Mamãe, não chore mais. Estou vivo, “e a vida continua...” (1)      

          Quando o menino Chico falava de amor, seus olhos se enchiam de luz, e o povo perguntava:

          — Menino Chico, quem te ensinou tudo isso?

          Ele respondia respeitoso e humilde:

          — Aprendi com Allan Kardec a compreender o amor de Jesus.

          — E o que mais Jesus te ensinou, menino Chico? – os curiosos queriam saber.

          Com humildade, ele respondia:

          — Que nós estamos aqui para aprender e nos tornarmos, um dia, “missionários da luz”(2) do amor. Só assim voltaremos felizes para o “nosso lar”(3)  verdadeiro.

          Vinha gente de todo lado falar com o menino. Eram pobres e ricos, gente de toda cor, todos com o mesmo sentimento: a dor.

          (...)

          Falava com seus amigos invisíveis e escrevia livros e mais livros ditados por eles.

          Visitava os necessitados, enfermos do corpo e da alma, ia às prisões, atendia mulheres equivocadas e não havia quem não gostasse da visita do menino.

          Às vezes, até mesmo de madrugada ia visitar pessoas que não tinham o que comer. Sempre tinha uma palavra amiga, uma ajuda simples, mas levava muito amor e solidariedade.

          E foram tantas as pessoas que ele ajudou e tantas as lágrimas que ele secou, e tantos corações que consolou...

 

Livro:  Menino Chico – Uma História Pra Contar(4)

Adeilson Salles, ilustrações de L. Bandeira

FEB – Federação Espírita Brasileira

 

Notas de Fernando Peron (outubro de 2013):

(1) – Referência à obra E a Vida Continua... Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz. FEB – Federação Espírita Brasileira. Lançada em 1968, é o 16º e último volume da Série André Luiz.

(2) – Referência à obra Missionários da Luz. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz. FEB – Federação Espírita Brasileira. Lançada em 1945, é o 3º volume da Série André Luiz.

(3) – Referência ao best-seller Nosso Lar. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz. FEB – Federação Espírita Brasileira. Lançada em 1944, é o volume inaugural da Série André Luiz.

(4) – Lindamente ilustrado, dirige-se ao público infantil.