URBANO FRANCISCO DE ASSIS XAVIER

 

Natural de Timbó (BA), 28 de Agosto de 1912, filho de Francisco Xavier de Souza e Francisca Assis Xavier, terminou o Curso de Odontologia e resolveu embrenhar-se pelo Estado de São Paulo para iniciar-se na vida profissional em 1935. Escolheu Santa Ernestina (SP), pequena cidade próxima de Araraquara (SP).

Em seis meses estava casado com Albertina Ferreira Xavier. Urbano tinha 25 anos e Albertina apenas 17. Bastante ligados à Igreja Católica, ele logo se tornou Presidente da Congregação Mariana e ela, Filha de Maria.

Logo que se casaram, fenômenos estranhos começaram a acontecer. Urbano, durante a noite, punha-se a falar em voz alta, tão alta que, vinha gente do final da rua ver o que estava acontecendo.

Começou a correr a notícia de que o dentista da cidade estava ficando louco. Todavia, Urbano, ao voltar a si, não se lembrava de nada e em virtude desses fatos, que se repetiam todas as noites, o casal, que já morava próximo da igreja, resolveu se mudar para mais perto da igreja, julgando que assim eles estariam mais protegidos. No entanto, ao contrário do que esperavam, a situação piorou. Certo dia trouxeram-no  para casa porque estava na igreja rezando a missa como se fosse outra pessoa e dizia chamar-se Padre Loureiro de Aguiar que havia falecido anos antes. Vários outros espíritos se comunicaram diante de Albertina que não sabia o que ocorria.

Quando então uma última entidade se comunicou chamando-se “Pai Jacó” era um “preto velho”, instruindo Albertina a procurar em Matão uma pessoa chamada Cairbar Schutel que poderia orientá-los. Urbano e Albertina procuram o sr. Cairbar, que os orienta. Urbano inicia seus estudos da doutrina e vem a participar das reuniões mediúnicas coordenadas pelo sr. Cairbar. Se torna, com o tempo, um dos médiuns de confiança de Cairbar de Souza Schutel, que teria dito: “Existem muitos Pais Jacós por aí, mas neste eu acredito!”

Após curta enfermidade, falece Cairbar de Souza Schutel, às 16:15 do dia 30 de Janeiro de 1938,  vítima de um aneurisma cerebral , e na mesma noite se comunica através do médium Urbano de Assis Xavier, durante seu próprio velório. Urbano estava participando do velório juntamente com sua esposa Albertina, quando percebe através de sua mediunidade muito sensível, a presença de Cairbar próximo ao corpo no caixão. Percebeu também que Cairbar estava completamente lúcido e querendo se expressar por sua mediunidade. Mas Urbano considerou inconveniente qualquer manifestação naquele momento se tratar de uma pessoa pública, a casa com várias pessoas durante o velório e tentou se esquivar passando para a sala ao lado. Mas teve que passar perto do caixão, e quando o fez, Cairbar já impaciente, lhe diz: Ora Urbano, tenha a paciência! E tomou sua mediunidade abrubtamente, proferindo então algumas palavras para as pessoas que ali estavam dizendo-se Cairbar de Souza Schutel e que ali estava para comprovar a continuidade de sua vida após a morte do corpo.

Urbano possuía uma mediunidade ímpar, e alguns casos são muito interessantes.

Manoel Philomeno de Miranda, que escreve livros através de Divaldo Franco, era primo de Urbano. Certa vez Urbano, já morando no Sudeste do Brasil, o visitou na Bahia, mas não o encontrando em casa despediu-se e foi embora. Miranda depois lhe fala, indagando sobre o seu procedimento, de não tê-lo aguardado,  quando descobre que ele nem havia saído do interior de São Paulo. 

Um outro caso interessante se dá quando um homem angustiado, aguarda numa estação de trêm,  ansiando por solução para o seu problema. Sua esposa doente, precisa de tratamento. Ele vê se aproximar Cairbar Schutel, e quando se aproxima mais, não enxerga Cairbar mas sim Urbano, lhe trazendo exatamente a importância de que necessitava.

Urbano conviveu com Herculano Pires em São Paulo – SP e Marilília – SP, trabalhando juntos no movimento espírita na divulgação dos conhecimentos e também no exercício da mediunidade.

Conta Herculano Pires que Urbano "transformava-se de tal maneira ao receber o Espírito comunicante, que este era facilmente reconhecido pelas pessoas amigas, sem necessidade de dizer o nome. Chegava, às vezes, à transfiguração, transformando o seu rosto com os traços do Espírito comunicante, como tivemos ocasião de observar.

Nos últimos tempos, desenvolveu também a mediunidade de "voz direta", caindo em transe enquanto os espíritos falavam diretamente com os presentes, vibrando a voz em pleno ar. Tivemos ocasião de palestrar com entes queridos através desse maravilhoso fenômeno, em sessão realizada com Urbano em Marília, e na mesma sessão outras pessoas puderam fazer o mesmo."(1)

Herculano Pires fica tão impressionado com a mediunidade de Urbano que acrescenta em sua tradução de O Livro dos Médiuns, editora Lake, uma nota de rodapé, sobre a Mediunidade de Transfiguração de Urbano. Está no Cap VII – Bicorporeidade e Transfiguração. Nota de rodapé  número 6. Falando sobre um fenômeno que Herculano havia presenciado numa reunião mediúnica em São Paulo, em 1946.

Em 1954 , divulgador da Doutrina Espírita, Urbano fez a palestra do primeiro aniversário do Lar Infantil Marília Barbosa na cidade de Cambé PR, fundada por Luiz Picinin em 29 de Março de 1953 e dirigido posteriormente por Hugo Gonçalves.

Luiz Picinin que muito apreciava suas palestras, chegou a gravar algumas delas, e transformá-las em LPs.

Urbano teve três derrames e desencarnou em 31 de Outubro de 1959. Teve sete filhos com Albertina: Edna, Sóstenes, Célia, Gutenberg, Demóstenes, Alcione e Paulo.

Na última vez que Albertina esteve em nossa casa em Rolândia PR, nós tivemos a idéia de gravar uma entrevista com ela. Então boa parte destas informações foram colhidas durante esta entrevista, pouco tempo antes de Albertina Ferreira Xavier ter o diagnóstico de Mal de Alzheimer. Hoje ela vive ainda na cidade de Marília SP sob cuidados da família.

 

(1)   RIZZINI, Jorge. Herculano Pires – O Apóstolo de Kardec.

 

Urbano era pai da médium Célia Xavier de Camargo que reside em Rolândia - PR

Biografia enviada pelo neto Alexandre Xavier de Camargo também de Rolândia- PR