José Maria Fernandez Colavida

 

Pioneiro do Espiritismo espanhol, José Maria Fernandez Colavida nasceu dia 19 de março de 1819, em Tortosa, na província de Tarragona. Filho de pais afortunados, ele recebeu, nos seus primeiros anos, instrução das mais significativas para sua época. Seu pai, D. Pio, secretário do governo militar e político de Tortosa, com a morte do rei Fernand VII, sofreu muitas perseguições daqueles que invejavam sua sorte, chegando a ser destituído do cargo e exilado. Estas perseguições se estenderam a toda a família, particularmente, a José Maria Fernandez, por ser o primogênito dos oito filhos de D. Pio. Isso o obrigou a abandonar o seio paterno e seu país, antes dos 16 anos, e a prestar seus serviços voluntários ao Exército. Contrai núpcias com Ana Campos, jovem dotada de surpreendentes faculdades mediúnicas. Conhece a Doutrina Espírita em 1860, lendo em sua versão original francesa, Le Livre des Espirits que lhe ofertou o capitão da marinha mercante, Ramón Lagier y Pomares. Em 1º de novembro de 1835 ele se incorporou na 6ª Companhia do 1º Batalhão de Tortosa sob as ordens do comandante Louis Lagostera. Todas essas tristezas, sem dúvida, influíram a alma de Fernandez, fazendo com que ele trabalhasse, mais tarde, pela paz, muito mais do que o fez na guerra. A luta termina e ele recobra a liberdade em 25 de setembro de 1841, voltando a Barcelona, onde resolveu acabar seus estudos de notário. Colavida não exerceu a profissão, mas ficou à testa da repartição na qual trabalhou. Previamente havia conhecido e praticado o magnetismo, guiando-se pelos ensinamentos de Du Potet e outros magnetizadores franceses. A impressão que lhe causou a leitura de O Livro dos Espíritos, do Mestre Allan Kardec, peça fundamental do pensamento espírita, foi muito grande e, de imediato, começou sua tradução para o espanhol, que viria à luz pública em 1861. Assim, então, tem Colavida a honra e o mérito de ser o primeiro tradutor das obras de Kardec em idioma espanhol. No momento do apogeu da última guerra carlista, ele lutou empenhando todos os seus esforços para conseguir a paz, com seu gênio e seus eminentes sacrifícios. Colavida reuniu, para fazer chegar às mãos armadas dos carlistas, milhares de proclamações pela paz. Teve a felicidade de ver sua empreitada coroada de sucesso e recusou todas as recompensas, inclusive quando lhe foi oferecida a patente de coronel.  Pelos grandes empreendimentos que liderou na sua trajetória de divulgador e praticante do Espiritismo, por suas renúncias e dedicação aos mais carentes, Colavida, um dos apóstolos do Espiritismo na Espanha, foi considerado o "Kardec espanhol". Sua fortuna e a de sua família foram reduzidas pelos azares da guerra civil, e tudo o que ganhava pelo seu trabalho, doava aos miseráveis ou consagrava à propaganda espírita, já que perdera o pai, como dito, e também a mãe, em morte violenta. Mas seu caráter era por todos reconhecido, devido à humildade e modéstia. O Congresso Espírita de 1888 se reuniu em Barcelona, ocasião em que Colavida foi aclamado, com entusiasmo, presidente honorário; justa recompensa por seus méritos. Aconselhado pelos espíritos, ele começou a tradução e a publicação das obras fundamentais do Espiritismo. Mas, não se contentando apenas com estas publicações, funda o primeiro Centro de Estudos Espíritas em Barcelona e a Sociedade Barcelonesa Propagandista do Espiritismo, que ele sustentou da mesma maneira que a Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, de Allan Kardec. O primeiro número apareceu em maio de 1869.  Colavida era a alma do jornal e da Sociedade que em 1875 já havia publicado as obras fundamentais da Doutrina, os resumos de Allan Kardec, além de A Verdadeira Doutrina Espírita, Harmonia da Lei e da Razão, O Espiritismo na Bíblia, Harmonia Universal, duas edições da Coleção de Orações, Melodia para o Espírito de Isem, Celeste e Ensaios de um Quadro Sinótico para a Unidade Religiosa do Espírito Romano Leila. Tudo isso faz de Fernandez Colavida o mais importante divulgador do Espiritismo na Espanha em sua época. Durante o período de trinta anos, ele se dedicou assiduamente ao estudo e à propagação do Espiritismo. Os estudos profundos nos livros de Allan Kardec e da Revista Espírita, e as observações diretas dos espíritos nas sessões dos centros que fundou e dirigiu, deram-lhe grande conhecimento da ciência espírita, tornando-o conselheiro dos irmãos mais experimentados. Reuniu numerosa e extensa correspondência, enfeixadas em volumes de ensinamentos. Também uns de seus mais importantes trabalhos foram os estudos sobre magnetismo, subordinados às observações e aos fins propostos pelo Espiritismo. Fora um grande magnetizador e desenvolvera grande número de médiuns sonâmbulos. Realizou notáveis experiências e obteve prodigiosos resultados em sonambulismo lúcido aplicado ao Espiritismo. Apoiava-se em sua esposa, Ana de Campos, médium de excepcionais dotes, falecida em 5 de maio de 1882, e com a qual fora casado por 16 anos. Talvez pelo seu amor excessivo à ciência, abusou insensivelmente de suas poderosas faculdades, usando sua energia vital e minando forças na sua última doença. Apesar das grandes perdas, ele não quis deixar seu sonho de fazer novas publicações espíritas, quando a morte veio surpreendê-lo. Um dos seus desejos, o último e maior, foi o de ver continuar sua obra de propaganda e, principalmente, sua querida revista. Foi designado Presidente de Honra do "Primeiro Congresso Internacional Espírita", celebrado em Barcelona, em setembro de 1888. Têm sido altamente reconhecidos e valorizados seus estudos e práticas nos campos de hipnotismo e magnetismo. Realizou experimentos com a regressão mental, apresentando uma metodologia rigorosamente científica, de grande utilidade com evidência favorável à reencarnação, antecedendo os conhecidos trabalhos de Albert de Rochas, na França. Por sua meritória atuação conhecem-no como o "Kardec" espanhol. Desencarnou em Barcelona, em 11 de dezembro de 1888.