DÚVIDAS

Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos).

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Irmãos Unidos.  Lição nº 11. Página 62.

 

Afirma você que passou a experimentar inqualificável flagelo íntimo, desde que iniciou o desenvolvimento das faculdades medianímicas, à face das dúvidas que lhe assaltam a vida.

E acrescenta que, em seu grupo, a maioria dos companheiros descrê de suas palavras, enquanto os amigos lhe metem a ridículo as informações que consegue recolher da Espiritualidade.

Enunciando desapontamentos e embaraços, você conclui: “Vale a pena continuar sofrendo tamanhas desilusões? não será um serviço prematuro esse, em que somos defrontados, a cada instante, pela negação sistemática, a partir daqueles que mais amamos”?

Estimaria alinhar opiniões e argumentos que lhe extirpassem de imediato as atribulações da cabeça, mas, estamos todos, encarnados e desencarnados, em luta evolutiva na Terra, sob a carga dos problemas alusivos ao nosso resgate de consciências endividadas perante a Lei.

Você ai, tanto quanto nós, padece o desafio constante das dificuldades que lhe dizem respeito ao aprimoramento da alma, e, sinceramente, não dispomos de receituário para a sua doença, além daquele que nos é formulado pelos princípios cristãos no capítulo em que nos aconselham desculpa incondicional para toda ofensa.

Ouso, contudo lembrar-lhe a história de “Alguém” que passou pelo mundo, suportando aflições maiores que as nossas.

Ninguém tolerou, até hoje, as afrontas que lhe foram atiradas em rosto, em matéria de injúria e desconfiança.

Nascido para o desempenho de celeste missão, foi anunciado aos parentes pela visita dos anjos.

Dele, tradições numerosas forneciam testemunho incessante ao ânimo popular.

Mensagens e visões indicaram-lhe a vinda aos familiares maravilhados e, mesmo assim, não apareceu quem se animasse a oferecer-lhe um cubículo em casa para nascer, a ponto de, renegado por toda a gente, refugiar-se entre os animais.

Desenvolvendo-se ao lado de um primo, considerado profeta de grande merecimento, com quem se iniciou no alto ministério de que estava incumbido, foi depois por ele interpelado quanto à veracidade de sua investidura.

De censuras e sarcasmos dos principais de seu tempo nem é preciso falar.

Basta dizer que foi corrido por todos eles qual se fosse idiota, circunstância que o obrigou a asilar-se entre pescadores e homens rudes de singelo rincão.

Todavia, mesmo entre estes, embora andasse, de contínuo, fazendo o bem, restaurando enfermos e ensinando a verdade, recolheu azedume infamante.

Um deles, situando-lhe em dúvida o serviço divino, abocanhou dinheiro para denunciá-lo à justiça como agitador perigoso, conduzindo-o à prisão.

Dos agentes da autoridade, os quais procurou respeitar, teve o cárcere por resposta, e do povo, de quem curara chagas e extinguira infortúnios, recebeu o tratamento devido a uma fera solta.

Dos amigos diletos, um dos mais nobres negou conhecê-lo por três vezes numa só noite, e todos fugiram, envergonhados e atônitos, quando lhe viram a decisão de se entregar à morte na cruz como supremo recurso de resistência perante o mal.

Nem por isso, no entanto, abandonou os companheiros e os acusadores gratuitos no charco da ignorância, regressando, depois da morte, para auxiliá-los em perpetuidade de entendimento.

Esse “Alguém” meu amigo, como claramente já percebeu, foi Jesus Cristo, o Divino Governador da Terra.

Regozijar-nos-emos se o que a Ele aconteceu puder servir para seu esclarecimento e conforto; mas, se você não conseguir edificar-se em tão sublime exemplo, a única solução será desistir lamentavelmente da sua oportunidade de cooperar na sementeira da Luz Divina, assentando-se na cinza da frustração, até que o tempo lhe renove a visão, no Universo de Deus.