REENCARNAÇÃO: QUE TEM RAZÃO?

 

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Vê-se que não fomos o único nem o primeiro a proclamar a doutrina da pluralidade das existências, também chamada de reencarnação. A obra Terra e Céu, de Jean Reynaud, foi publicada antes de O Livro dos Espíritos. Pode-se ver o mesmo princípio, exposto em termos explícitos, no encantador opúsculo do Sr. Louis Jourdan, intitulado As Súplicas de Ludovico, cuja primeira edição é de 1849, da Livraria Nova, Boulevard des Italiens. É que a ideia da reencarnação não é nova; é tão velha quanto o mundo e é encontrada em muitos autores antigos e modernos. Aos que objetam que ela é contrária aos dogmas da Igreja, respondemos que, de duas uma: ou a reencarnação existe, ou não existe. Não há alternativa. Se existe, é uma lei da Natureza. Ora, se um dogma é contrário a uma lei da Natureza, trata-se de saber quem tem razão: se o dogma ou a lei. Quando a Igreja anatematizou e excomungou como culpados de heresia os que acreditavam no movimento da Terra, não impediu que a Terra girasse e que todo o mundo hoje creia nisto. Sucederá o mesmo com a reencarnação. Não é, pois, uma questão de opinião, mas uma questão de fato. Se o fato existe, tudo quanto poderão dizer ou fazer não impedirá a sua existência e, mais cedo ou mais tarde, os mais recalcitrantes deverão aceitá-lo. Deus não consulta as suas conveniências para regular a ordem das coisas e o futuro não tardará a provar quem tem razão.

 

Livro:  Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos – Ano V, 1862

(nº 8 - agosto de 1862)

Allan Kardec

FEB - Federação Espírita Brasileira