OS PREGUIÇOSOS ILUDIDOS

 

(...) O homem deve ter a sua iniciativa, sem o que será reduzido à condição de máquina; deve aperfeiçoar-se pelo trabalho: é uma das condições de sua existência terrestre. É necessário, também, que cada coisa venha a seu tempo e pelos meios que apraz a Deus empregar, pois os Espíritos não podem desviar os caminhos da Providência. Querer forçar a ordem estabelecida é colocar-se à mercê dos Espíritos zombeteiros que lisonjeiam a ambição, a cupidez e a vaidade, para depois se rirem das decepções que causam. Muito pouco escrupulosos de sua natureza, dizem tudo o que se quer, dão todas as receitas que se lhes pede e, se necessário, as apoiarão em fórmulas científicas, sem se importarem ao menos se terão o valor das receitas dos charlatães. Iludem-se, pois, todos aqueles que acreditavam pudessem os Espíritos abrir-lhes minas de ouro: sua missão é mais séria. “Trabalhai, esforçai-vos; eis o que de fato precisais”, disse um célebre moralista, do qual em breve daremos uma notável conversa de além-túmulo. A essa sábia máxima, a Doutrina Espírita acrescenta: É a estes que os Espíritos sérios vêm auxiliar, pelas ideias que lhes sugerem ou por conselhos diretos, e não aos preguiçosos, que desejam gozar sem nada fazer, nem aos ambiciosos, que querem ter mérito sem esforço. Ajuda-te e o céu te ajudará.

 

Livro:  Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos - Ano I, 1858

(nº 7 - julho de 1858)

Allan Kardec

FEB - Federação Espírita Brasileira