Análise do livro Legião

 
Legião
 
 
José Passini
passinijose@yahoo.com.br
Análise da obra “Legião – Um olhar sobre o Reino das Sombras”, psicografia de Robson
Pinheiro.
Começamos a análise dessa obra, estranhamente, pelo posfácio, onde se lê que Francisco Cândido
Xavier teria sido veículo de uma mensagem do Alto, recomendando ao médium que fundasse uma
editora para a divulgação do seu trabalho mediúnico. Outra afirmativa que causa estranheza é que
Robson Pinheiro, o médium, teria sido salvo de desencarnação iminente, a fim de produzir livros, cuja
publicação seria o sustentáculo da editora e de seus funcionários – conforme palavras do Editor –, o
que constitui, sem dúvida, algo inusitado na prática espírita, que, a julgar pela prática corrente até agora,
seria colocar-se o carro adiante dos bois.
“... A Editora – fundada por ele sob orientação dos imortais, dada primeiramente através da
pena de Francisco Cândido Xavier – fora inaugurada, sobretudo, para a publicação dos livros recebidos
através de sua própria psicografia. Caso fosse desencarnar em breve, como fariam os companheiros –
11 funcionários além de mim, editor – frente ao áspero desafio de manter uma casa publicadora em
operação com somente pouco mais de 20 títulos em catálogo? Será que os espíritos trairiam, pela primeira
vez, sua confiança, pensou ele, entregando-lhe nas mãos tamanha fonte geradora de angústia
ou, no mínimo, de inquietação, ao cruzar o outro lado da vida?” (471/472)
Pelas palavras do próprio Editor, vê-se que o objetivo maior não era a divulgação da Doutrina
Espírita, mas a manutenção de uma editora.
Esse livro parece ter a finalidade de atemorizar pessoas que, conhecendo pouco ou nada da
obra de Kardec, de Chico, Yvonne, Divaldo, José Raul, aceitam determinadas “revelações”.
Na obra “Libertação”, André Luiz, em 60 páginas, descreve como agem Espíritos voltados ao
mal, como se organizam numa região trevosa, sem se deter em explicações minuciosas do poder do
Mal, através de descrições atemorizantes, capazes de provocar a criação de quadros mentais negativos
nos leitores. A obra “Legião” tem mais de 450 páginas de descrições mórbidas e até novelescas.
Na obra “Libertação”, o benfeitor Gúbio dosa prudentemente as revelações, entremeando-as
com ensinamentos positivos.
Nessa obra que ora analisamos, há um distanciamento do Evangelho. Há uma clara intenção de
introduzir, no meio espírita, figuras como Pai João de Aruanda, João Cobú (sic), buscando familiarizar
os espíritas com práticas e terminologia claramente umbandistas.
Na obra de André Luiz e de outros benfeitores que continuaram o trabalho de revelação do
Mundo Espiritual e suas atividades na Crosta, não se valem os benfeitores de nomes exóticos, estranhos,
comuns na Umbanda, como Pai João de Aruanda, exu, quimbanda, bombonjira, pombajira, canguá,
Caboclo Pena Branca, tatá, mandinga, aumbandã, quiumbas, canzuá, cavernícolas, caveiras, furaterras,
ondinas, salamandras...
Sabemos que existem inúmeros Espíritos desencarnados que, embora busquem o Bem, o fazem
por métodos próprios e de forma independente, e se filiam a linhas de trabalho em que são vivenciadas
práticas umbandistas, ocultistas, orientalistas e outras mais.
Do mesmo modo, e ainda que procurem o trabalho pelo Bem, diversas comunidades
espirituais não se acham organizadas sob a égide de Jesus, onde são observados princípios de obediência,
disciplina e estrita observância dos valores éticos contidos no Evangelho, em ações praticadas na
mais perfeita consonância com a Doutrina que nos foi revelada através de Kardec.
No livro “A Caminho da Luz” (cap. 12), Emmanuel faz interessante revelação a respeito da diversidade
de correntes de pensamento existentes no Mundo Espiritual: “As próprias esferas mais próximas
à Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que
do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias
da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.”
Qualquer pessoa que tenha estudado – e não apenas lido – a obra de André Luiz tem uma visão
clara do Mundo Espiritual, sem os prejuízos decorrentes da exploração de quadros negativos e da introdução
de nomenclatura estranha e de práticas mágicas.
Observemos a apresentação de um Espírito que teria a condição de orientador:
“– Olhe, Ângelo, meu filho, trabalhar como pai-velho não é algo tão simples assim. Não basta
ter acumulado experiências como escravo ou conhecer algumas mandingas e depois manifestar-se por
aí, fazendo benzeções. Nosso trabalho é bem mais amplo, e nossa preparação, mais complexa. A fim
de desempenhar bem as funções que abraçamos, temos de nos especializar em diversas áreas do conhecimento
oculto. Há que saber os detalhes da geografia astralina.” (112)
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Em “Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz (231/232), fica-se sabendo que Benfeitores espirituais
dissipam, antes do enterro, as energias remanescentes nos cadáveres de pessoas que respeitaram
seus corpos, a fim de preservá-los da profanação, levada a efeito por Espíritos vampiros.
Na obra em exame, lê-se o seguinte: “Não dêem atenção a esses seres. São vampiros, que buscam
vencer a resistência dos guardiões para roubar a energia sobrevivente (sic) dos corpos etéricos em
dissolução.” (117)
Será que esses “corpos etéricos” conservam energias? E se estavam em dissolução, por que
seriam necessários guardas para protegê-los? Quantos guardiões seriam necessários para ficarem velando
pelos cadáveres em decomposição, até que o processo chegasse ao fim? André Luiz, na obra
citada, diz que Dimas, o recém-desencarnado, estava ao lado do Benfeitor, enquanto este dissipava as
energias do cadáver. Pai João diz que ficavam tomando conta do “corpo etérico” para que não fosse
roubada sua energia... Que corpo seria esse? Onde fundamentar em Kardec afirmativa como essa?
“– O dirigente, despreparado, não conhecendo o simbolismo utilizado no astral, conclui que exu
caveira é a representação do mal. Através de uma indução hipnótica e uma associação infeliz de idéias,
alguns médiuns, a partir de então, deixam sua parte anímica falar mais alto e relatam coisas inacreditáveis
a respeito dos guardiões. O espírito que deveria ser resgatado é liberado, como se fosse um sofredor,
e o guardião ou exu é doutrinado, conforme dita o figurino adotado em larga escala nos centros
espíritas. Terminada a reunião, o obsessor foi libertado, como se fosse um espírito necessitado, livre
para voltar às suas atividades, e o guardião, que é o parceiro das atividades do bem, é confundido com
espíritos maus.” (129)
Vê-se uma clara acusação de que as reuniões mediúnicas espíritas não se encontrariam preparadas
para identificar os exus. Então, o espírito teria sido trazido preso, pelo exu, e os espíritas o libertam,
retendo o exu para que ele receba doutrinação. É de se perguntar: que poder teria esse exu, que
não pode libertar-se do poder de um médium? E o que quer dizer: “o espírito que deveria ser resgatado
é liberado, como se fosse um sofredor”? Acusa os centros espíritas de libertar perseguidores e reter
“guias”. E o que quer dizer com “espírito que deveria ser resgatado” ? Resgatado por quem?
– “Espiritismo? – o chefe dos caveiras deu uma estrondosa gargalhada. – Desculpe o jeito de
me expressar, mas é que sinto pena de você. Os espíritas parecem ter criado um movimento tão cheio
de preconceitos que dificilmente se interessam por algo a nosso respeito sem nos tachar de obsessores
e acusar o médium de anti-doutrinário, como é seu costume.” (133)
O ataque ao Espiritismo continua...
“Dentro de instantes ouvíamos gritos e gemidos era algo tão aterrador que parecia vir de uma
alma presa no lendário inferno criado pelos cristãos.” (134)
Os cristãos verdadeiros não criaram o Inferno, mas sim os teólogos.
“– Ao contrário do que muitos médiuns expressam, em seu animismo confundido com mediunismo,
esses espíritos não se comportam do modo como são retratados pela incompreensão. Para nosso
desapontamento, muitos sensitivos, que desonram o verdadeiro trabalho dessas guardiãs, representam-
nas, no momento da incorporação, utilizando palavrões, atitudes grotescas e maldosas, desprezando
a oportunidade ímpar de concorrer para o equilíbrio do sentimento e das emoções, técnicas que
elas dominam como ninguém no astral inferior.” (141)
Essa, uma acusação leviana e infeliz, em que o autor tenta imputar aos médiuns espíritas, o uso
de palavrões e atitudes maldosas, quando se incorporam as assim chamadas pombajiras ou bombojiras.
No Mundo Espiritual revelado nas obras espíritas não há essa discriminação, inclusive na nomenclatura,
entre trabalhadores do sexo masculino e feminino. Essa é uma prática umbandista, que o autor
tenta caracterizar como do Espiritismo.
“Assim, se o feiticeiro do astral tiver um poder mental hipnossugestivo mais intenso, ele poderá
inclusive manipular certos vírus e bactérias cultivados em pântanos e charcos do umbral, que ordinariamente
só se encontram em regiões inferiores, com vistas a transferi-los para o corpo físico de seus
alvos. Usam os cavernícolas como transmissores ou vetores desses microorganismos etéricos, muitos
dos quais completamente desconhecidos do homem. Em virtude do contato intenso e constante que
promovem com o campo energético do enfeitiçado, dá-se a transferência, o salto para o campo material.
Sejam vírus, bactérias ou comunidades microbianas próprias do mundo astralino inferior, o fato é
que se materializam ante a interferência da baixa feitiçaria, causando enfermidades variadas e dificilmente
diagnosticada pela medicina terrena.” (154/155)
Mais um trecho em que o autor pretende criar quadros negativos na mente do leitor. Acaso vírus
e bactérias seriam responsáveis por atitudes negativas de parte daqueles contaminados? Se assim
fosse, deveria também existir vacinas contra esses “vírus e bactérias”. Até agora, sabemos que a vacina
contra o mal é a prática das virtudes ensinadas por Jesus.
É sempre a ênfase ao mal. Além do mais, o que significa “baixa feitiçaria”? Haverá uma “alta”?
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“– Enquanto isso, o preto-velho agregava elementos e agentes da natureza, evocando as salamandras
e ondinas – elementais respectivamente ligados ao fogo e à água –, que, no momento devido,
serviriam aos propósitos do trabalho.” (163)
Também aí, o uso de palavras próprias de ambiente de magia, de ocultismo, sem um objetivo
prático, edificante. Novidade apenas para os desconhecedores do Espiritismo, ou os amantes de ficção.
“A regra difundida nos meios espíritas é que o duplo etérico tem uma vida intimamente associada
à existência do corpo físico. Quando o corpo morre, o duplo sobrevive por um período máximo de
40 dias, momento em que se decompõe e tem suas energias dispersas na atmosfera. De outra maneira
seria fatalmente vampirizado por entidades sombrias.” (243)
É de se perguntar, em que livro está registrada essa regra? São afirmações falsas e tão grosseiras,
que quase não merecem comentários, mas, pergunta-se: se o “corpo etérico” vai se decompor, por
que preocupar-se com ele? Além do mais, quando o autor diz que “seria fatalmente vampirizado”, está
fazendo referência a alguém que tem vida própria, que vive...
André Luiz, em sua obra “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 11, relata que durante o desdobramento
do médium, este se afasta do corpo carregando uma porção de energia: “certas faixas de
força, que imprimiam manifesta irregularidade ao perispírito”, que Clarêncio fez retornar ao corpo físico
do sensitivo. É muito diferente desse “corpo etérico” relatado em “Legião”, que parece ter vida própria,
e que poderia ser vampirizado.
“Após algum tempo preparando a ação de libertação, os guardiões da noite concentraram suas
energias num ponto do campo de força. Vimos como o campo energético primeiramente inchou, como
uma bolha, sob o influxo das emissões superiores, para depois arrebentar, em um estrondo avassalador.
As energias liberadas só foram contidas devido à competência dos guardiões e especialistas sob o
comando de Jamar.” (245/246)
A passagem acima refere-se à destruição de um campo de força que teria sido preparado por
cientistas desencarnados, voltados ao mal. Esse campo reteria as energias dos “duplos etéricos”, que
deveriam ser libertados. Depois, fala que “deveriam proteger os duplos da atmosfera fluídica do ambiente,
à qual estariam mais expostos, temendo que poderiam contaminar os corpos vitais ali acondicionados
(sic) e envenenar-lhes as reservas energéticas, provocando efeito direto sobre os corpos físicos a
que estavam associados.” (245)
Vê-se acima que o autor pretende novamente dizer que os corpos etéricos estavam separados
dos corpos vitais e esses separados dos corpos físicos. Então seriam Espíritos encarnados, libertos pelo
sono de algumas horas? Na obra de André Luiz, não há notícia dessa separação: corpo energético num
lado e corpo vital noutro. Em todos os casos de desdobramento, sempre há referências a corpo espiritual,
ou perispírito. Nessa obra, vê-se claramente o intuito de confundir e de atemorizar, a fim de eles,
sim, dominarem os incautos.
“Aos poucos, os senhores das sombras pretendem substituir a memória e o conhecimento do
Cordeiro e de seus ensinamentos por deturpações e pseudoconhecimentos, cuja implantação se dará
no cérebro espiritual dos corpos astrais de suas vítimas. Objetivam confundir e, no limite, extinguir a
imagem de Jesus de Nazaré, o personagem histórico, que se perderia em meio a tantas falácias, uma
atrás da outra.
A teoria a respeito da modificação da memória e do implante de novos conceitos e dados na
mente do indivíduo também já existe, mas fica na dependência do modo como se consolidaria esse tipo
de ação criminosa, em virtude do evidente dilema ético.” (266/267)
O que o autor quer dizer com “evidente dilema ético” ? Dilema para quem?
“Tudo isso configura uma nova metodologia de ação desses seres da escuridão, uma forma
mais sofisticada de obsessão, que desafia os modernos discípulos do Cordeiro a se atualizarem também.
As trevas há muito vêm atuando com novas disposições e táticas para efetivar seus projetos entre
humanos encarnados; e quanto aos defensores do bem? (266/267)
Dialogando com outro Espírito, o autor vê um animal que parecia um imenso dragão negro...
“Ambos fitaram o ser, que lhes dirigia o olhar ao virar a cabeça, mostrando o bico curvo, desconfiado.
O animal do plano astral possuía uma envergadura de cerca de 8 metros. Pescoço longo e
pelado, possuía pele negra e enrugada, que fazia o papel das penas que lhe faltavam, com barbatanas
de grandes proporções. Tudo indicava que o ser bizarro fora deixado para trás numa fuga apressada.
Estava desvitalizado.
– Esses seres são utilizados pelos sombras como meio de transporte. Talvez devamos auxiliar
essa criatura das profundezas a se restabelecer – falou Jamar.
A ave pré-histórica, então livrada do charco umbralino, ensaiou um bater de asas e depois rompeu
as nuvens densas,como se fosse a coisa mais fácil do mundo, pairando a razoável altitude.
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– Esses animais pré-históricos – informou Jamar – desempenham o papel de veículos para que
os sombras realizem seu patrulhamento aéreo. Possivelmente tenha sido abatido durante um eventual
combate.
Sua figura lembra fósseis dos primórdios da evolução terrena. É muito rudimentar e grosseira,
como se tivesse vindo direto de uma expedição arqueológica. Há quanto tempo estão por aí?
– Não sei precisar, Raul, mas o interessante é o modo como se mantêm vivos. São criações
mentais dos magos, que, por meio de sua força psíquica, sustentam tais imagens: esse o segredo de
perdurarem por séculos e milênios nos recônditos do astral. Como os senhores do mal não têm a capacidade
de elaborarem formas superiores, e ainda têm nesses animais a associação com o seu passado
longínquo, contemplamos aqui o fruto vivo de seu pensamento consistente e persistente. (284/286)
São criações mentais ou os chamados elementais artificiais, que sobreviveram ao evento dos
magos. Buscam manter-se vivos alimentando-se da matéria astral e da fuligem mental encontradas
nesta estância sinistra.
Pequenas formas mentais correspondentes a lagartos iam e vinham, correndo sem sentido, junto
ao que restara das construções. (288)
Esses magos teriam o poder de criar seres com vida própria, os quais, como vimos, necessitariam
até de socorro para que se restabelecessem e, conforme dito, para serem: “utilizados pelos sombras
como meio de transporte” ? Seria uma criação paralela à de Deus?
Em verdade, existem formas-pensamento que até podem ser vistas, conforme relatado na obra
“Nos Domínios da Mediunidade”, de André Luiz (cap. 19). Ali há dois exemplos de “formaspensamento”,
que são apenas projeções mentais, e não criaturas dotadas de vida própria, que poderiam
ser usadas por malfeitores espirituais.
Finalmente, seria necessário escrever-se uma outra obra para serem comentados todos os pontos
negativos deste livro. Há citações de Kardec, sempre adaptadas às “revelações” que o autor ou
autores espirituais pretendem fazer. Não há nessa obra uma única página que possa ser qualificada
como espírita. Veja-se, como exemplo final, o texto abaixo:
“Durante muito tempo espiritualistas e espíritas viram-se diante da realidade patente da obsessão,
porém considerando apenas os tipos clássicos: mono e poliobsessões, cujos agentes são, respectivamente,
um único espírito e dois ou mais deles. No entanto, ao enveredar nas investigações psíquicas,
os encarnados mais estudiosos notaram que outra metodologia vinha sendo empregada pelas
sombras. Surgiram as primeiras observações quanto às obsessões complexas, que exigiam nova abordagem,
além da consagrada técnica de conversação fraterna ou doutrinação. Entre as diversas ferramentas
verificadas para instaurar o quadro obsessivo, descobriu-se, então, embora a relutância em
admitir o fato, a existência de seres artificiais gerados em laboratórios do submundo astral. Juntamente
com aparelhos parasitas, implantes de chips, projeção de campos de força magnéticos e de ação contínua,
tais elementos acabam provocando desarmonia nas células físicas dos encarnados, até mesmo
causando processos cancerosos. Sobretudo, são processos obsessivos que fogem à definição clássica.”
(361/362)
Como se vê, fica declarado que a “consagrada técnica de conversação fraterna ou doutrinação”
já foi superada, mas não há indicação alguma sobre o que a substituiria.
Diga-se, de passagem, que não se vê, na obra, nenhum trecho em que o amor é colocado como
terapêutica, conforme se vê nos livros do Chico e demais médiuns citados. Só há citações negativas,
atemorizadoras, como essas: “... a existência de seres artificiais gerados em laboratórios do submundo
astral. Juntamente com aparelhos parasitas, implantes de chips, projeção de campos de força magnéticos
e de ação contínua, tais elementos acabam provocando desarmonia nas células físicas dos encarnados,
até mesmo causando processos cancerosos.”
Subestimando o conhecimento e a argúcia do leitor, e partindo para a ficção, o autor declara:
“Há décadas que, em determinadas reuniões mediúnicas, alguns dos integrantes suspeitaram ou detectaram
a presença de seres diferentes, sem emoções, completamente destituídos de sentimentos. Contudo,
não podiam expressar suas percepções sem que fossem confundidas com imaginação fértil e fantasiosa,
ou tê-las enquadradas como efeito de puro animismo. Transcorrido o tempo, esses seres artificiais
foram sendo percebidos com maior frequência, e, na atualidade, não se pode desprezar tais criaturas,
fruto da tecnologia astral colocada a serviço da obsessão.” (365)
Trata-se, como se vê, de uma confusão grosseira com a clonagem física, como está declarado
mais explicitamente no trecho a seguir: “Essa conclusão suscita algumas questões palpitantes, que
merecem ser debatidas e estudadas por todos. Em que caso são usados os clones? Como é seu mecanismo
de ação e com quais finalidades entram em cena?” (365)
Conforme se vê, as forças contrárias ao Espiritismo não estão atacando de fora. Agora decidiram
fazer o ataque internamente, isto é, trocaram o bombardeio pela implosão. As ações contrárias
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agora se dão dentro das próprias fileiras espíritas, através de obras mediúnicas que são vendidas às
catadupas, pelo seu caráter fantasioso, atemorizador e, às vezes, burlesco e mesmo contrário àquilo
aprendido na Codificação.
Entretanto, não nos devemos desencorajar, pois paralelamente a tantas publicações mirabolantes,
estão proliferando grupos de estudos em centros espíritas que, por certo, acabarão por esclarecer
aqueles que querem conhecer verdadeiramente o Consolador prometido e enviado por Jesus.