CURAS E MATERIALIZAÇÕES ESPÍRITAS

 

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- A sua convicção pessoal vem de uma constatação experimental? Você já observou algum fenômeno espírita, alguma materialização?

Vi manifestações espíritas de diversos tipos, desde a psicografia à comunicação [psicofonia], posto que conversei com muitos Espíritos nestes trinta anos de militância no Espiritismo.

Fui curado diversas vezes por Espíritos. Estive em coma e fui tratado através do médium curador Justino Bento da Silva, em Frutal, Estado de Minas Gerais, que me assistiu em outra oportunidade, em Campinas, por uma hora e vinte minutos, até que eu pudesse ser socorrido no hospital, quando eu tive um infarto do miocárdio. Tive e tenho inúmeras provas em minha família de curas espirituais.

Temos um grande médium em São Paulo, João Albino, que tem constatadas curas que vão desde o câncer irremediável até problemas psiquiátricos crônicos, problemas de estômago e do coração, enfim, de todas as mazelas do corpo. Temos médiuns curadores em quase todos os Centros Espíritas e é muito comum a cura pela prece e pela imposição das mãos.

A cura não é privilégio dos espíritas. Todos têm o poder de curar. A mais elementar forma de cura é pelo sopro, cujo domínio no futuro há de revolucionar o conhecimento da própria medicina, pela pureza dos que a praticam. Não se esqueça que alimentamo-nos continuamente pela respiração, que o bem respirar, o respirar conscientemente, é a primeira libertação na técnica iogue de purificação, que alma vem do latim anima, que quer dizer sopro. Ouso concordar com o médico André Luiz, que nossa alimentação vem setenta por cento da respiração.

Aos vinte e cinco anos, por volta do ano de 1956, assisti à minha única sessão de materialização. O médium era o hoje famoso escritor e orador espírita Divaldo Pereira Franco, então pouco conhecido, mas já um grande médium e orador.

Divaldo Pereira Franco, reunido com o Prof. Gerson Sestini, professor de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e alguns outros espíritas, na casa do saudoso amigo Lázaro de Camargo Emck, em São José do Rio Preto, éramos ao todo doze pessoas.

Nós nos endereçamos a uma sala da residência, fomos convidados a fiscalizar a sala para evitar qualquer fraude, fomos colocados em volta daquela sala, um sorteado foi encarregado de vigiar a única porta de acesso, a janela foi trancada e também vigiada, tudo foi rigorosamente examinado por todos e cada um.

Luz acesa, o médium Divaldo Franco entrou, em mangas de camisa, e sentou-se no meio da sala. Nenhum truque nas mangas, que eram curtas. Nós, aí à meia-luz, todos nos vendo uns aos outros, vimos uma sessão de materialização.

Muitas das pessoas lá presentes estão ainda entre nós. O Dr. Lázaro de Camargo Emck é o pai de um grande médico aqui na Capital, o Dr. Olavo Emck; lá estiveram também figuras proeminentes da sociedade riopretense, cujos nomes não tenho de memória, mas o meu amigo Gerson Sestini certamente lembrará, se consultado.

Lembro-me que tão logo começamos a prece, uma luz de grande intensidade emergiu das proximidades das mãos do Divaldo Franco, luminosidade que tinha uma gama muito variada de cores, indescritível, e que se iam alternando. Foi-se delineando então um rosto de mulher, que depois se identificou como a Irmã Sheila, hoje muito conhecida pelas suas poesias e pensamentos, publicados no meio espírita.

A Irmã Sheila, por intermédio da voz do médium, conversou em alemão e em uma outra língua com os circunstantes e deixou nesta sala um perfume que ali ficou por oito dias, conforme ela o havia dito, e deixou ainda uma flor trazida lá do Amazonas, que se materializou no meio da sala à frente de todos.

Fui convidado a assistir outras materializações, mas não pude comparecer por falta de tempo e também por saber que já há provas em demasia da realidade do Espiritismo para o meu entendimento.

A materialização é prova difícil, que exige demasiado fluido do médium e dos circunstantes. O próprio Divaldo Pereira Franco, eu soube depois, foi seriamente advertido pelo seu Guia Espiritual para que se dedicasse à sua real missão, que é a prepagação e a obra social, que ele desenvolveu com vocação evangélica.

Divaldo Franco, em Salvador, Bahia, mantém centenas de jovens órfãos à custa do resultado de suas obras espíritas. É muito conhecido o seu trabalho pioneiro e evangelizador. Talvez após estes anos todos ele não se recorde deste fato, que para mim constitui um marco dentro da convicção em mim já existente do Espiritismo.

Anteriormente, eu me recordo agora, quando era pequeno, nós morávamos na cidade mineira de São Francisco de Sales. Eu e minha irmã, Dalva Miranda Ramos, que ainda é viva, fomos acordados e, não havendo energia elétrica, havia entretanto uma luminosidade na cozinha da casa. Possivelmente, pensamos, a nossa mãe estava preparando o café, já que lá era comum levantar-se antes do sol. Eu e minha irmã levantamo-nos e lá na cozinha topamos com uma velha, no meio daquela luz, a mexer com as panelas. Ela nos sorriu e sumiu. Crianças então, fizemos o mesmo, pois era noite alta e ficamos amedrontados.                 

 

Livro:  O Espiritismo em Debates

            Antonio Miranda Ramos

            Editora Soma